Perguntas e Respostas

“Como escolher a pessoa certa para namorar? E como deve ser o namoro cristão? Você concorda que adolescentes namorem?” (Anônimo)

Este é um tema de que gosto bastante! E eu o considero urgente também, haja vista a falta de conversa e de referenciais saudáveis em muitas famílias e a quantidade de jovens que acabam por comprometer seu futuro por causa de decisões erradas na área dos relacionamentos. É um tema vasto que poderia ser aprofundado em vários posts. Mas vou tentar ser objetivo e responder tudo num só. Vamos lá:

1. O momento certo para namorar (Ec 3.1-8)

Vou começar pela última pergunta. Hehehe. Eu poderia de forma legalista ponderar fatores prós e contras a fim de chegar ao cálculo da “idade ideal” para que um adolescente comece a namorar – se é que este deveria. Mas deixando essa matemática falha de lado, prefiro escrever sobre o que cada um deve levar em consideração em si mesmo antes de namorar. Não, não estou fugindo da pergunta. A minha resposta na verdade é “depende”. Mas por quê?

O namoro do cristão não é igual ao do mundo. Se parece ser, não deveria. Os objetivos são outros, a proposta é outra. Ele visa o casamento e não um período de diversão. Deve ser santo, deve servir para consolidar uma amizade especial, deve preservar o outro. Por isso deve começar num momento propício. É importante que cada um seja sincero consigo mesmo, refletindo se é o momento, se está preparado, avaliando suas motivações também. Algumas motivações impróprias: estar com o outro porque todo mundo está namorando, namorar porque ela(e) é linda(o), namorar porque estão “ficando” há algum tempo (prática aliás que esvazia o valor do outro), se comprometer porque seus líderes esperam isso de sua “amizade colorida”, para ninguém roubar ela(e) de você, namorar porque está doido para dar uns “pega”. A pressa que lhe impõem e a que você se impõe não deveriam ser tirânicas e ditarem seu comportamento. Antes a razão, a oração, o conselho de pessoas maduras e a sua auto-análise deveriam servir de base pra sua decisão. Namoro exige maturidade. Para fechar este tópico, algumas perguntas para você se fazer: “Eu compreendo que o namoro entre cristãos deve ser santo e ter como propósito o casamento? Se não, quais têm sido meus referenciais? Se sim, vale a pena começar agora?”. E um conselho para os pais: a solução não é proibir, mas fornecer exemplo, construir confiança falando sempre a verdade, instruir sob os princípios da Palavra (Pv 22.6), proporcionar questionamentos para que seus filhos respondam, manter o canal de comunicação sempre aberto.

2. A pessoa certa no momento certo (Pv 4.20-27; Sl 37.4)

Chegou à conclusão de que é o momento? Percebe-se firme em Deus, disposto a fazer valer os princípios de Sua palavra, considera que está pronto para dar este passo? Então pense mais um pouco. Será que já entregou seu coração à pessoa errada? O que levar em consideração ao escolher uma pessoa pra namorar? Algumas dicas:

- Certifique-se de que ela também está madura para um relacionamento. Caso contrário, vocês terão problemas sérios;

- Observe sua relação com Deus, seu compromisso com a igreja local, sua submissão aos líderes, se dá evidências do caráter de Cristo;

- Se possível, repare em como trata seus pais e os mais velhos na igreja;

- Já teve outros relacionamentos? Qual o testemunho que dava? Se falhou muito no passado, já deu provas de arrependimento, mudança e crescimento?

- Se não namorassem, vocês seriam ótimos amigos? Possuem assuntos em comum, se comunicam bem, são sinceros, possuem afinidades?

- Pensar em passar o restante da sua vida ao lado dessa pessoa lhe causa náuseas?

Estes são apenas alguns pontos. E que deveriam ser vistos, de preferência, antes de se comunicar intenções. Isso porque nossa tendência é “mudar” algo só para atender às expectativas do outro. E infelizmente tem gente que “muda” completamente – mas só para agradar, cativar. Depois volta ao que “era”. Por isso também é imprescindível uma vida de oração. Se é importante orarmos pra saber a vontade específica de Deus, muito mais importante é termos uma vida inteira aos pés da cruz. Ganhamos sensibilidade espiritual para discernir muitas coisas. Aprenda a ouvir a Deus e aos outros. Se a opinião de seus pais e de pessoas maduras à sua volta não for favorável, cuidado! Pode ser que seu coração já cativo não queira dar ouvidos a nenhuma voz que contrarie o que já decidiu. E saiba que deve assumir suas decisões com responsabilidade! Não adianta culpar ninguém depois. Por fim, acredite que Deus tem alguém muito especial para a sua vida. Que Deus se importa sim em com quem vai se relacionar e casar.  Que Deus honra sua espera e submissão a Ele.

3. A forma certa de namorar a pessoa certa no momento certo (1Tm 4.12; Rm 12.1-2)

Muitos são tentados a acreditar que os dois tópicos acima são suficientes. E “metem os pés pela mão”, tornam o bem precioso que Deus lhes deu numa simples bijuteria, jogam pro ar tudo o que tinham construído até então. De que adianta? O namoro cristão deve zelar por santidade, por um compromisso de respeito mútuo, pela amizade madura, pela vida espiritual do outro. É mais do que não transar até casar. É ter a pureza como firme chão para o tanto que construirá e desfrutará ao longo da vida ao lado da pessoa amada.

Agora, se hoje você percebe que seu relacionamento afetivo o está afastando de Deus, não tenha medo de afastar-se deste relacionamento, de mudar seu comportamento, não tenha medo de confrontar sua velha natureza e as expectativas do outro e dizer não. Se você ama mais a Deus do que ama seu próprio umbigo ou qualquer pessoa, esteja disposto a provar seu amor oferecendo sua própria vida em sacrifício. O que quero dizer é que deve abrir mão de tudo o que lhe separa de seu maior e verdadeiro Amor. Se é o beijo, abra mão de beijar. Este, que deveria ser uma demonstração de carinho e apreço, facilmente vira brinquedo para satisfação dos apetites sexuais. E a partir daí muita coisa acontece. Se damos lugar à carnalidade, se abrimos espaço a dois para uma intimidade imprópria, se nos acostumamos à mediocridade... Perdemos o foco e levamos tudo à ruína. Superficialmente podemos “estar bem”, podemos nos enganar e aos outros demonstrando que “estamos bem”, podemos até esquecer quem nós somos. Mas escolhemos uma hipocrisia. E a Deus não enganamos.

“Ah”, você me diz, “mas a carne é fraca”. Então fortaleça seu espírito! Busque a Deus, clame por capacitação, seja cheio do Espírito de Paz! Na nossa força perecemos, mas quando nossos olhos estão no Alvo então somos capacitados pra vencer! Só estando no Verdadeiro Amor é que podemos amar. E, sem confiar numa "espiritualidade solitária", ande com pessoas que buscam o mesmo que você! Converse com elas, obtenha o incentivo necessário. Leia também biografias de pessoas que venceram nesta área – sugiro os livros do Joshua Harris e os do Eric & Leslie Ludy. Abra o coração, compartilhe suas lutas com gente madura, espiritual, que se importa com você. Às vezes queremos fugir das críticas e nos fechamos para isso. Mas há um poder curador que é liberado quando confessamos nossos pecados, quando saímos dos nossos esconderijos. Além de receber conselhos, temos a chance de nos sentir amados mesmo mostrando algo de que nos envergonhamos. E se as pessoas falharem conosco, ainda assim Deus honra nossa disposição e atitude.

Enfim, vigie e ore. Orar é fundamental. E não basta falar, falar, falar palavras sem ouvir. Ouça o Espírito. Oração é relacionamento com o Pai. Desfrute de Sua presença. Desfrute todos os dias! E, além disso, não se esqueça: precisamos nos manter vigilantes. O inimigo se infiltra em brechas pequenas e, quando nos damos conta, já causou um estrago enorme. No seu relacionamento, evite ficar longe dos olhares de outras pessoas, não se isole, não tenha conversas precoces sobre intimidade sexual. Como diz em Eclesiastes, saiba o “tempo de abraçar e tempo de deixar de abraçar”. Seja confiante na medida certa. E desconfie de você mesmo quando necessário. Não deixe para dizer “não” quando já estiver envolvido demais. Pode ser que seja muito tarde. Não brinque com fogo – ele deixa marcas. Se for necessário, compartilhem oportunamente seus limites um com o outro e façam um compromisso de respeito mútuo. Confiem menos nas “regras” e mais em Deus. Vivam tudo por desejo de agradar a Deus e honrar o outro. E não porque alguém espera isso de vocês.

Acabei escrevendo muito, mas... Sei que para muitos esta conversa franca foi importante. Meu objetivo não foi em momento algum desencorajá-lo a relacionar-se e nem estipular um padrão impossível de ser vivido. Mas fornecer um modelo de relacionamento segundo os princípios da Palavra de Deus. Aliás, sempre que seguirmos estes, colheremos ótimos frutos em nossas vidas. Nenhuma lei do Senhor é por mero capricho de Sua parte, mas todas visam à nossa felicidade. Nunca duvide de Seu amor! E, se já falhou nessa área, confie em Suas misericórdias. Elas te dão uma nova oportunidade hoje de construir algo belo no presente e no futuro. A todos, guardem isto: os sonhos de Deus pra vocês são incomparáveis!

Querido(a) leitor(a), espero ter respondido às suas dúvidas, mas sinta-se à vontade para perguntar mais alguma coisa que queira. Se alguém quiser fazer outras perguntas sobre o tema, poderá fazê-las no canal de comentários abaixo, no meu Formspring ou por e-mail. Se eu não trazer a pergunta pra cá, é porque respondi na minha página do Formspring ou por e-mail pra você. E se eu não respondi ainda, é porque ainda o farei. Ok? Deus os abençoe e faça brilhar Sua luz através de suas vidas!