Pecar? Eu Nem Peco!

“Pecar é errar o alvo.” Acho que essa frase resume muito do que aprendemos nas escolas dominicais de nossas igrejas. Porém a dificuldade maior talvez não seja saber o que é pecado, mas saber como viver sem ele. E, por mais santo que seja um indivíduo, a Palavra de Deus nos garante: “todos pecaram e carecem da glória de Deus” (Romanos 3.23). Todos! É uma contingência humana! Contudo, não é desejo de Deus que nos acomodemos ao mesmo. Nós fomos feitos novas criaturas em Cristo e não estamos mais debaixo da servidão do pecado! Aleluia!

Mas... Eu ainda peco! Ainda há muito para Deus transformar em mim! A obra de santificação é um processo que dura toda uma vida e que funciona na base da cooperação – nós e o Espírito Santo. Sozinhos não conseguimos! Não mesmo! E também não devemos achar que Deus fará tudo por nós. A dependência que temos Dele essa sim é importante para que Deus nos molde conforme Sua perfeita vontade!

Existe, porém, um problema sério de motivação que nos impede de cooperar com Deus. Muitas vezes estamos preocupados demais com o que não nos ajuda em nada na luta contra o pecado. Nossa enquete do mês passado perguntou sobre o principal motivo que te entristecia quando pecava. O motivo principal de ficarmos tristes ao pecar pode denunciar também qual nossa real motivação para não pecar. Vamos então analisar brevemente cada resposta:

Medo de perder a salvação. Na minha opinião, esse não deveria ser um motivo para não pecarmos. Não devemos servir a Deus por medo do inferno. Antes, o desejo de obedecer a Deus deveria aparecer como resultado do novo coração que Ele nos deu. E, particularmente, eu creio que não temos esse poder de desfazer o que Cristo fez por nós. Jesus mesmo disse: “As minhas ovelhas ouvem a minha voz, e eu as conheço, e elas me seguem; eu lhes dou a vida eterna, e jamais perecerão; e ninguém as arrebatará da minha mão” (Jo 10.27-28). Nada pode nos separar do amor de Deus (Rm 8.34-39) e esse amor me motiva a viver pro Seu louvor!

Medo de perder as bênçãos de Deus. De fato, muitas coisas perdemos e podemos perder quando damos lugar ao pecado em nossas vidas. Contudo, não é matemático. Deus, na Sua misericórdia, fará de tudo pra que vivamos a plenitude de Suas promessas. É desejo Dele! Seja como for, este também não deveria ser o motivo principal de nossa tristeza ao pecar.

Saber que desobedeceu ao Pai. Esta foi a resposta mais votada. E eu considero a mais coerente na perspectiva da relação entre o Pai e seus filhos. É isso que somos: FILHOS! Não deveríamos ver Deus como um carrasco pronto para nos punir, mas como um pai amoroso que tudo o que diz visa ao nosso bem. Quando somos amados pelo Pai queremos corresponder a este amor. Queremos agradá-lo, servi-lo, honrá-lo. Esta deveria ser nossa motivação para não pecar – e, quando cairmos, o principal motivo da nossa tristeza.

Vergonha, culpa, desapontamento consigo mesmo. Mesmo que não devesse ser um fim em si mesma, eu considero uma tristeza legítima. Não deveria ser a principal, pois o sentir culpa não é necessariamente sinônimo de arrependimento. Mas quando olho pro meu corrupto coração me sinto assim também: envergonhado, culpado diante de Deus, desapontado comigo mesmo. Contudo, tenhamos em mente que Cristo pagou todo preço na cruz por nós, Ele conhece nossas limitações e nos levantará para que prossigamos na caminhada!

Medo de desapontar outras pessoas. Às vezes nos preocupamos mais com o que esperam de nós, mais com nossa reputação, do que com uma verdadeira espiritualidade. E saiba: esse medo pode nos manter de pé por um pouco, mas se caminhamos sobre suas bases numa hora nosso tombo será muito feio. Cuidado! Ouça elogios, ouça conselhos, receba incentivos. Mas não caminhe motivado por eles, antes como conseqüência do SEU relacionamento com Deus, como fruto de SUAS decisões Nele, com a ajuda do Espírito Santo!

Preocupação de ser “pedra de tropeço” para outros. É uma preocupação legítima, mas não deveria ser a principal. Se nos preocupamos tão somente com o que o outro pode sofrer em virtude de nossas ações, há algo de muito errado aí. Cuida da tua vida, rapaz! Fica preocupado com o outro, mas e você e Deus? Mesmo que ninguém saiba do que fez, Deus vê e isso deveria te encher de temor!

Preocupação com o “desapontamento” de Deus. Esta preocupação é muito comum. Muitas vezes, ao pecarmos, temos a impressão de que Deus, lá do Céu, olha pra nós com olhar pesaroso, balançando a cabeça, e diz: “Mas de novo? Esperava mais de você!”. Eu já pensei muito isso! Mas hoje sei que, embora Deus deseje uma atitude santa de mim (e eu também), Ele sabe exatamente quem eu sou. Não, não é um rapaz “bonzinho” que escreve um blog cristão com bons conselhos e, às vezes, dá os seus vacilos. Não! Ele sabe que sou um miserável pecador que, quando caminha por suas próprias pernas, quebra a cara! Por isso não o “desaponto”. Contudo, quero ser transformado dia após dia pra Sua glória!

Preocupação com as conseqüências dos seus atos. Embora também não devesse ser principal, ela deve nos encher de temor. Muitas vezes vivemos a vida de forma irresponsável, consideramos pouco as advertências da Palavra e de pessoas maduras à nossa volta. Mas uma coisa é certa: o pecado traz conseqüências. Podemos não estar muito conscientes de todas, pode até parecer que alguns pecados trazem um prazer que compensa suas conseqüências. Engano do diabo, meu irmão! Contudo somos imediatistas: por enquanto nada “tá pegando”, então tudo bem. Definitivamente este não deveria ser o pensamento de um cristão verdadeiro – será que tem algum que pensa assim ou age como se pensasse?

Não tenho me entristecido quando peco. Bem, uma pessoa que chega nesse ponto, deve se perguntar: eu me converti algum dia? Ou me convenci de algo? E, seja qual for a resposta, deve se ajoelhar e pedir ajuda, pedir misericórdia. Clame! Sim, acredito que muitos cristãos verdadeiros possam passar por uma fase de acomodação, de resignação em relação ao pecado que nem se entristece mais quando peca - ou apenas se entristece um pouco e ponto. No fundo sabe que está errado, mas não espera nada mais de si mesmo. Meu amigo, se esta é a sua situação, não deixe a chama do Espírito ser obscurecida pelo pecado! REAJA! BUSQUE AJUDA! ORE MAIS! DECIDA ISSO! Nem sempre vamos sentir arrepios ou encontrar lógica na nossa busca por santidade, mas se nosso coração não se entristece mais pelo que o coração de Deus se entristece, devemos nos levantar de nossa apatia, devemos resolver isso, devemos clamar por ajuda! Deus ouve, sempre ouve.

Pecar? Eu nem peco! Conte outra. Ou será que Jesus respondeu à enquete, galera? Hehehe.

Deus os abençoe e reavive neste tempo! Até a próxima!