O Valor da Amizade


Desafio do Seminarista
20/07/11

“Se você resolver desapegar da sua conta-corrente também, conte comigo, viu?”, essa frase foi dita pela minha querida Wal Morais, colega do trabalho, neste Dia do Amigo. O fato de eu mencionar que foi nesse dia específico poderia até dar um tom dramático e irônico pro que não passou de uma saudável brincadeira. Da qual eu ri muito, aliás! A Wal senta na mesa ao lado da minha e, desde que eu cheguei nesse setor, ela me recebeu muito bem. É uma pessoa super divertida!

Pra quem passa oito horas do seu dia, de segunda a sexta, numa mesma sala em frente a um computador (sim, utilizar o “sistema” no trabalho foi uma exceção necessária e planejada), ter momentos de descontração é algo muito importante! E, claro, ter um bom relacionamento com os colegas. Não podemos, contudo, esperar que todos atendam às nossas expectativas, estejam num bom dia sempre, ajam de acordo com os princípios cristãos – nem na igreja encontramos isso! Mas, sem dúvida, nosso respeito, urbanidade e bom exemplo podem abrir portas no coração das pessoas!

Bem, eu ter destacado que a brincadeira se deu hoje, no Dia do Amigo, também não foi por acaso. Embora tenha se tratado apenas de uma engraçada piada a respeito do meu “desafio”, ela retrata bem como são as amizades hoje: utilitaristas. Nós amamos o amigo enquanto este nos é útil. Se este não nos oferecer alguma vantagem, então não serve para ser nosso amigo. Se tem dinheiro ou status, é amigo dos bons. Se ficou desempregado ou não é mais tão popular no colégio, no máximo um amigo do Facebook. Por quê? Por que olhamos pro outro a partir do que pode nos dar? Bem, a resposta é simples: porque faz parte da nossa natureza!

O pecado, aliado ao “amor líquido” (como classificou Bauman) da pós-modernidade, faz com que coloquemos o receber num patamar superior ao de dar. E isso tem um nome específico: EGOÍSMO (que é um tipo de insegurança, de medo). Pensamos em nós, compramos pra nós, não dividimos o que é nosso, só fazemos o que nos interessa, buscamos no outro reafirmações de quem gostaríamos de ser, sim, adoramos ser bajulados! Hoje é comum vermos “grandes amigos” que não partilham suas dores, não ficam sabendo se a mãe ou o pai do outro morreu (e, se um toma conhecimento de algo deste tipo, até se afasta), não estão disponíveis para ajudar se o outro tem dificuldades na faculdade, não defendem o amigo quando falam mal dele, etc, etc. E, por estas e outras razões, é que eu acho que a palavra “amigo” está perdendo seu valor. Será que seus 748 amigos do Facebook são amigos mesmo? Ou vamos ter que trocar o nome que designa quem é amigo de verdade? Aliás, amigo assim, você conta nos dedos – se tiver um apenas, levante as mãos pro céu!

A simplicidade na amizade é percebida quando sentimos prazer em repartir, ouvir, rir junto de pequenas coisas, ajudar, presentear, dividir as “cargas” do outro, fazer nada junto, compartilhar uma alegria, dentre outras coisas. Hoje não se escrevem mais cartões, cartas ou e-mails para expressar nossa gratidão. Também não é falado e nem expressado em atitudes nosso apreço íntimo. Parece que temos vergonha disso ou consideramos desnecessário – ainda mais nós homens, que “não somos dados a esse tipo de coisa”. Mas não é bobagem.

Faça algo hoje. Tome uma iniciativa. Procure um amigo – mas antes reflita se não o tem procurado apenas para obter favores. Não que não possa contar com ele pra isso, mas obter vantagens não deveria ser o centro de sua amizade. Ligue, faça uma visita, mande um torpedo. Marque pra comerem uma pizza juntos, irem ao cinema, baterem um papo. Não mostre só suas qualidades, rasgue seu coração, diga o que se passa. Se ele não estiver bem, o procure mesmo assim, procure saber do que precisa. Dê esperança. Se não sabe como ajudar, apenas ouça, mostre que está próximo, ore junto. Se nosso coração estiver alinhado com o de Deus, tudo isso que escrevi será simples, natural e enriquecedor – exatamente no que a vida tem de mais valor!

Confira amanhã o quinto dia do Desafio do Seminarista!

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