Oração do Filho Mais Velho


Pai, livra-me do mal. Há algo terrível contra o qual tenho lutado com todas as minhas forças e fracassado. Não vejo mais forças em mim, já fiz o que era possível, já tentei de tudo! Mas não consigo vencer este adversário! Ele tem consumido minhas forças, tem sugado minha vida, tem sido não uma pedra, mas um escorpião no meu sapato. Livra-me do inimigo, Deus! Livra-me deste vil ladrão de sonhos! Sorrateiramente tem sabotado minhas melhores intenções. Eu, que quero tanto te honrar com tudo que sou, muitas vezes sou surpreendido por aquele que faz de mim um nada, um coitado, um miserável. Sim, tu sabes a quem me refiro, tu me conheces bem. Livra-me de mim mesmo, meu Pai!

Eu tenho trocado a verdadeira espiritualidade por momentos de alívio uma vez por semana. Neste dia eu “pago” o preço pelos meus pecados, eu cumpro minhas “obrigações” para contigo e, o que é pior, o faço juntamente com muitos "hipócritas" iguais a mim. Tudo bem, muitas vezes me considero melhor do que eles. “Se eu peco, certamente outros pecam mais”, penso. E mais uma vez me traio. Confio nos meus cargos, na minha reputação, nos meus amigos “baba-ovos”. Aliás, me perdoe, Pai, pela maneira! Ter usado esta expressão foi infeliz. Mas pecar diariamente não acho que é.

Eu tenho uma boa teologia, boas atitudes públicas, sei dar bons conselhos, conheço bem Tua Palavra – pelo menos se comparado aos quais me sinto superior. Considero que sou um cara bom e reclamo contigo por não me retribuir como "mereço". Tudo bem, às vezes reconheço minha desgraça e me derramo em Tua presença. Mas logo passa. E vivo minha vida, meu trabalho, minha família, meu ministério, meus amigos, minhas dores, meu egocentrismo, como se nunca houvesse errado. Ou convicto de que Tua graça faz o Senhor passar a mão na minha cabeça todo dia e dizer: “É difícil mesmo, meu filho, eu sei”. E isso “recarrega” minha moral. Pobre de mim!

Paizinho, livra-me de mim mesmo. Pois me arrependo na cinza e no pó. Pois não sou nada sem Teu amor, sem Tua graça, sem Teu Espírito. Tenho tornado a cruz de Cristo numa piada e o amor do Pai numa complacência. Eu preciso de Ti! Não posso viver um segundo longe de Ti – não me deixe achar que estou perto quando não estou! Necessito depender de Ti agora, daqui a pouco e mais tarde também! Só em Ti posso vencer o mal que há em mim! Sozinho não consigo. Não me deixe Te deixar, não me deixe Te negar! Não quero reconhecimento, quero a Ti! Não quero bênçãos, quero a Ti! Não quero uma religião, quero a Ti! Não me deixe roubar de mim a Tua companhia, não me deixe viver na mediocridade, não me deixe viver uma espiritualidade conveniente! Sim, Pai, faz de mim como um dos Teus servos. Faz de mim, filho mais velho, como quem retorna ao lar todos os dias!

Comentários

  1. Muito Bom querido irmão! Super de Deus. mt profundo

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