A Simplicidade da Vida


Desafio do Seminarista
17/07/11

Eu me senti bem estranho ao chegar da comemoração do meu aniversário e "ter" que subir de escada para o meu apartamento. "Coisa de maluco", pensei. Contudo, no fundo eu sabia que essa estranha experiência valeria a pena.

Hoje o dia foi bom e não senti tanta falta dos "facilitadores" contemporâneos. De vez em quando parecia faltar algo, mas substituí essa ausência por mais diálogo (fui almoçar na casa da minha mãe) e descanso. Contudo, gostaria de destacar duas coisas: as brincadeiras em torno do meu desafio e uma conversa bem legal que eu tive.

Os amigos da igreja e meus familiares pegaram muito no meu pé! Ficavam acrescentando ao desafio mais coisas de que eu deveria abrir mão, como se para que eu atingisse meu objetivo devesse virar um ermitão! Tô abrindo mão de um monte de coisas, mas não tenho forno a lenha para cozinhar e nem saberia atravessar a Baía de Guanabara a nado! Hoje, na hora do almoço, estava consciente de que não beberia a Coca-Cola geladíssima que estava à minha frente. Porém, quando fui pegar a jarra de suco, ouvi de minha mãe: "O suco é industrializado, hein!". Tive que saborear uma deliciosa água mesmo.

A conversa bacana que tive foi com a Miminha, amiga e secretária da igreja. Pegamos ônibus juntos pra Icaraí pela manhã e falamos sobre o quanto nos acostumamos ao nosso "mundo particular", estando muitas vezes alheios à realidade ao nosso lado. Continuando o assunto, conversamos sobre como nós, "tecno-urbanos", estranhamos ao pegarmos uma estrada de terra e nos depararmos com casas humildes, crianças correndo descalças e velhos sentados na porta de suas casas para ver o movimento. Esquecemos a simplicidade da vida - ou de forma altiva a confundimos com miséria.

Finalmente, enquanto conversávamos, lembrei de uma aula que tive com o Luís Pires, professor de Antigo Testamento do meu seminário. Ele, explicando o ritual judaico durante o período da Festa dos Tabernáculos, disse que muitos judeus ainda hoje deixam suas casas uma semana no ano e se "mudam" para tendas armadas no quintal de casa. Nestas, fazendo uso de uma estrutura mínima, lembram suas origens, suas raízes, quando eram povo peregrino na terra. E celebram felizes as lições de fé aprendidas e a oportuna provisão divina.

Nada contra a tecnologia, muito pelo contrário, mas creio que devemos tomar cuidado a fim de não esquecermos uma coisa muito simples, porém importantíssima: não é preciso muito para ser feliz.

Confira amanhã o segundo dia do Desafio do Seminarista!

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