Perguntas e Respostas


"A paz, irmão Leandro. Tenho 40 anos, vim de uma família católica e, no íntimo, nunca me aceitei. Sou casada, tenho dois filhos. Tenho uma tristeza enorme; só conheço a Deus de ouvir falar. Não estou mais trabalhando e sou muito insegura com meu esposo."

A paz do Senhor, querida! Acho que a sua pergunta chegou incompleta, mas escreverei com base no que escreveu. Espero que ajude!

Percebi duas questões principais que estão intimamente ligadas: sua não aceitação de si mesma (baixa autoestima) e sua dificuldade em se relacionar (com Deus e com seu esposo). Solucionar a primeira favorece a solução da segunda, mas não garante também, pois muitas coisas só o Espírito Santo pode fazer. Agora, se conhecer a Deus verdadeiramente, todo o mais a Seu tempo lhe será acrescentado; Ele conduzirá as coisas do jeito Dele e você descansará nisso.

Vamos falar sobre o primeiro assunto: sua não aceitação de si mesma. Geralmente este tipo de sentimento, que reflete uma autoestima enfraquecida, tem origem em algum trauma de infância, em alguma lembrança ruim, frustração ou mesmo na criação que teve. Repare que eu não escrevi "teve origem" e sim "tem origem". Por quê? Porque de alguma forma estas coisas ainda estão vivas, presentes em você e produzindo resultados, seja consciente ou inconscientemente. Mas o que fazer? Apagar as memórias? Não, mas criticá-las (não disse criticar você mesma, mas os pensamentos intrusos que fazem com que tenha uma imagem deturpada de si mesma), colocá-las em seu devido lugar (o passado), ser senhora e não serva delas. Muitas vezes aceitamos mentiras como sendo verdades ou então verdades parciais como verdades completas. E não nos damos o direito de viver - e viver da melhor forma que Deus deseja que vivamos. Pare e reflita: se Deus te aceitou e te amou do jeito que você é, quem é você para ser uma juíza implacável consigo mesma? Se Deus tem pensamentos de paz a teu respeito (Jr 29.11), por que essa guerra toda no seu coração? Rejeite as mentiras que foram plantadas na sua mente todas as vezes em que aparecerem e faça dos pensamentos Dele os seus também.

E aí entramos no segundo assunto: dificuldade nos relacionamentos. Como eu disse antes, este assunto está intimamente relacionado ao anterior. Pois uma baixa autoestima vai se refletir na forma como você se relaciona com os outros - inclusive Deus. Se você não se aceita, dificilmente acreditará que os outros o façam. Se você está pronta para se crucificar pelos seus erros, também achará que as ações dos outros buscam isso. Se você não cansa de se perseguir poderá desenvolver uma neurose de que todos fazem o mesmo. Eu não estou dizendo que os outros não têm defeitos, que nunca erram com você, que tudo é fruto de sua percepção. Não! Mas muito é. E, mesmo quando não for, aceitar as limitações dos outros e as nossas é algo que devemos praticar se não quisermos adoecer. O seu bem-estar depende mais de você do que dos outros. Só poderemos crescer, melhorar, avançar se antes desenvolvermos um amor-próprio, se nos aceitarmos com nossas contradições, se compreendermos que o poder de Deus nas nossas vidas é maior do que nós mesmos.

Deus deseja se relacionar contigo de uma maneira que ainda não experimentou. Ele deseja lhe revelar Seu perdão, Seu amor, Seu cuidado. Ele fez algo maravilhoso por você quando morreu na cruz por seus pecados. Ele te salvou! Mas não apenas isso. Ele o fez para que hoje você e Ele se conheçam, para que você sinta o Seu amor incondicional, para que aprenda de Sua sabedoria. Talvez uma baixa autoestima a faça supor que Deus é um Deus tirano, implacável, sem um pingo de misericórdia. Tudo bem, você pode não pensar assim conscientemente, mas será que age como se pensasse? Ou talvez uma baixa autoestima te atrapalhe para perceber a profundidade do amor do Pai, a riqueza de Sua graça, o alcance do Seu perdão. O conhecimento de Deus vem através da fé. E a fé, ainda que dom gratuito Dele, nos é dada por intermédio de Sua Palavra. Existem mistérios que se descortinarão diante dos seus olhos quando se dispor a meditar nas Sagradas Escrituras. E através da oração terá a certeza de um Pai que ouve e abraça os Seus filhos com ternura. Não, este não é um convite à religiosidade que já pode ter experimentado e que muitas vezes eu me vejo buscando sem perceber. É muito melhor! É relacionamento, é paz de espírito, é descansar Nele. E consequentemente ver tudo na perspectiva do Alto, naturalmente e sem presunções. Você não precisa ter o controle de tudo ou instantaneamente ver todos os seus problemas resolvidos. Mas este santo relacionamento lhe dará o que precisa hoje. Aos poucos você ganhará confiança e sabedoria que desembocará em qualidade no seu casamento, confiança e criatividade para trabalhar em algo que gosta, confiança em Deus e segurança que também gerará segurança nos seus filhos e assim por diante. É um processo. Está disposta a começar hoje?

Só o fato de procurar ajuda já serve pra mim como resposta à pergunta acima. Muitas coisas não conseguimos vencer sozinhos, por isso devemos buscar ajuda. Acredito ser de extrema importância que esteja congregando numa igreja cristã séria e ali crescendo junto com pessoas que buscam a Deus como você. Dependendo do caso um terapeuta cristão também poderá ajudar e muito em questões específicas. Mas não se esqueça: a Verdade (Jesus) liberta. O Seu amor cura. O relacionamento que experimentamos com Ele é transformador. Não procure fórmulas nem faça do que eu escrevi uma fórmula: apenas entregue o controle de tudo a Ele.

Se precisar de mais alguma ajuda, estarei à disposição. Deus a abençoe!

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