Caminhando a Segunda Milha


Por Tânia Carvalho*

Às vezes não percebemos o quanto podemos ser úteis a Deus e ao nosso semelhante. Mas o que Ele deseja é somente nossa disposição interior em fazermos a Sua vontade, amor para compartilhar, sensibilidade e obediência à Sua voz.

Podemos ser bênçãos na vida das pessoas e, para tanto, não devemos criar barreiras e impedimentos para o atuar do Espírito Santo de Deus em nossas vidas e através delas. É preciso termos fé e desprendimento suficientes a fim de sairmos de nós mesmos em direção ao outro: não temendo rejeições, nem sendo egoístas, mas agindo sob a direção do Espírito com sabedoria e discernimento, no momento certo. Significa deixar que a bênção de Deus flua através de nós, alcançando aqueles que dela mais necessitam (Sl 103). Significa estarmos continuamente em sintonia com o Pai, para que reconheçamos a Sua vontade e nos tornemos um veículo através do qual Seu amor seja demonstrado a tantos quantos estejam ao nosso alcance.

Quando abençoamos os outros, promovemos a paz, ajudamos a cicatrizar feridas, a restaurar ânimos, a semear a Palavra e o amor de Deus. Nesse contexto, "caminhar a segunda milha" (Mt 5.41) importa em fazermos além do que nos foi solicitado, além de nossas obrigações, de nossas responsabilidades estritas. Inclui tolerarmos os mais fracos, perdoar sempre, dar uma segunda chance (Is 35.3).

Muitas vezes somos muito exigentes com os outros, até mesmo implacáveis, e nos colocamos na condição de juízes do outro, enquanto a Palavra de Deus nos adverte a primeiro olharmos para nossas imperfeições (e removermos primeiro de nós aquilo que nos impede a visão, que nos embaça as vistas, que nos atrapalha), ao invés de nos preocuparmos em corrigir os outros, em apontar-lhes os defeitos e impôr a eles uma "mudança" a qualquer custo (Mt 7.1-5). Contudo, o desafio é enorme, pois somos falhos, imperfeitos, passíveis de instabilidades, de alterações de humor, de intemperanças.

É certo que, a menos que tenhamos discernimento claro da parte de Deus, à luz das Escrituras, vamos cometer injustiças, nos enganar em nossas percepções, fazer julgamentos. Até porque nossa visão é parcial e só Deus enxerga na totalidade. Em parte conhecemos e isso nos limita, nos restringe, fazendo-nos por vezes cometer equívocos. Só o Senhor vê o coração e as intenções do homem, não cabendo a nós separar o "joio" do "trigo". Tentar fazer isso só traz prejuízos, como nos adverte a parábola (Mt 13.24-30).

O Senhor tem um tempo determinado para todas as coisas (Ec 3.1 e 2) e não devemos precipitar nenhum momento. Antes, se algum conselho pode ser guardado e alguma virtude praticada, seja o cumprimento do principal mandamento: o de amarmos a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos (Mt 22.36-39). O restante é conseqüência.

*Tânia Carvalho é maratonista e mãe deste blogueiro, já tendo "percorrido" mais de duzentas milhas pelos quatro filhos. Completou mais um ano de vida hoje.

Comentários

  1. Na semana passada o devocional do site da Lagoinha tinha como título: "Apenas a imperfeição não tolera a imperfeição",esta frase me fez pensar. Acredito que vale a pena repensarmos nossas ações para percebemos se realmente temos abençoado as vidas que estão ao nosso redor, as vezes com um simples sorriso podemos transformar...

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  2. Legal o que escreveu! Infelizmente tem gente que é implacável com as outras pessoas e sofre muitas perdas com esse tipo de postura. Que Deus nos dê um coração compassivo e misericordioso como o Dele!

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