Onde está a alegria? Onde está a santidade? Onde está o amor? Onde está a coerência?
O problema não está no ritmo. O problema não está na descontração. O problema não está nas emoções. O problema não está nos holofotes. O problema não está na dança. A solução não está nos "aleluias". A solução não está no acampamento. A solução não está na música. A solução não está nos "calafrios". A solução não está no discurso agradável. O "x" da questão é o coração do homem. E não pretendo reduzir o problema sobre o qual quero refletir a uma questão moralista, mas fazer minha crítica à sociedade vazia sem Deus e à igreja "orgulhosa" de Deus. Para tal, refletiremos brevemente sobre as questões do pecado e da alegria.
O pecado, como alguém já definiu, é errar o alvo. Mas que alvo? Muitas vezes não sabemos exatamente no que cremos e nos adequamos sem perceber ao sistema de valores do mundo ou ao que a religião diz sem refletirmos a respeito. A maior parte das pessoas no mundo acredita no que o senso comum diz, no que parece razoável, nas suas intuições egoístas, e sempre vão defender o que lhes dá prazer pura e simplesmente. As pessoas são falhas e as pessoas são o critério. Dá pra confiar nesse critério? Já a Bíblia, regra de fé e Palavra de Deus para os cristãos, deixou de ser o parâmetro aferidor de nossas vidas para se tornar o livro das palavras mágicas ou então nossa "caixinha de promessas". Não nos achegamos às Escrituras com reverência, não nos preocupamos em entender o contexto e os princípios, não fazemos a leitura em humildade, pedindo a Deus que fale o que Ele quer falar conosco. Não fazemos isso! Nosso discurso é bonito, nossos elogios à Palavra são lindos, mas extraímos dela tão somente o que satisfaz aos nossos interesses pecaminosos, aos nossos caprichos, à nossa necessidade de autojustificação. Nos prendemos à forma, mas esquecemos da essência.
O mundo está se esvaindo, morrendo, deixando de existir. Temos 365 dias no ano, mas as pessoas se enchem de esperança por 4 dias de fugaz alegria. São como as últimas gotas de um cantil no deserto. Sua alegria se resume então a momentos legais. Que numa quarta-feira de cinzas se desfazem. A alegria cristã, por sua vez, é uma confiança, uma certeza, uma esperança. Não se desfaz apesar das tristezas cotidianas. Parece incongruente? Pois não é. A vida é feita do bom e do ruim, do certo e do incerto. Mas se o que é bom, o que é certo, for excelente, for ótimo verdadeiramente (tudo que procede de Deus o é, tudo o que vivemos pra glória de Deus o é), então o ruim, o desagradável, as contingências da vida serão redimensionadas de modo a não nos poupar dessa alegria do que é bom. Não se trata de esconder emoções ou de sorrir todos os dias. Não se trata de discursos triunfalistas, nem de um otimismo inocente. Mas de maturidade pra viver cada dia do ano com fé Nele, apesar dos apesares. Quem Deus é nos garante que nossa vida está em boas mãos. Mas o mundo prefere se agarrar à sua alegria fugaz. Mas os religiosos preferem alienar-se.
O pecado nos rouba a verdadeira alegria. Sempre que erramos o alvo, isto é, pautamos nossa vida em qualquer outra coisa que não os princípios e valores da Palavra, colhemos tristezas. Ainda que disfarçadas em vícios, orgias, dinheiro, aparência de santidade e reconhecimento público. Estas coisas nos enganam, mas só a alegria no Senhor satisfaz nossa alma sedenta. Só a alegria no Senhor renova nossas forças na caminhada. Só a Sua alegria, que é a Sua própria Pessoa, enche de cores o que o pecado tornou monocromático. "O Espírito do Soberano Senhor está sobre mim porque o Senhor ungiu-me (...) para consolar todos os que andam tristes, e dar a todos os que choram em Sião uma bela coroa em vez de cinzas, o óleo da alegria em vez de pranto, e um manto de louvor em vez de espírito deprimido" (Is 61.1-3). Jesus veio transformar essas gotas de água do cantil em vinho abundante, vinho da melhor qualidade, em alegria sem fim.
"Pois do interior do coração dos homens vêm os maus pensamentos, as imoralidades sexuais, os roubos, os homicídios, os adultérios, as cobiças, as maldades, o engano, a devassidão, a inveja, a calúnia, a arrogância e a insensatez" (Mc 7.21-22). De que adianta posarmos com pose de santinhos se o nosso coração está sujo? O problema não é apenas o que está fora, mas sobretudo o que está dentro. Não gosto do Carnaval. Nunca vou fazer apologia a uma festa onde o apelo erótico e a bebida são colocados como promessas de alegria. Mas não posso tratar da questão superficialmente se o próprio Jesus fez questão de nos mostrar a raiz de todos nossos problemas: o coração. Eu adoro retiros, amo esses momentos em que nos retiramos pra estar buscando a Deus longe do barulho das nossas cidades, pra fazermos refeições juntos como uma família. É bom demais! Mas engana-se quem acredita que isso nos livra do mal. Nós vamos levar para aonde formos nosso coração, quer esteja limpo ou sujo. O que precisamos fazer então? Guardar o nosso coração, encher nosso coração da alegria do Senhor. Precisamos tirar nossas máscaras pra viver a essência da fé cristã. Precisamos tirar nossas máscaras se queremos contemplar a beleza do outro, apesar das nossas e de suas cicatrizes. Precisamos ser autênticos, mas não apenas isso. Precisamos sorrir o sorriso de Deus.
"Satisfaze-nos pela manhã com o Teu amor leal, e todos os nossos dias cantaremos felizes." (Sl 90.14)
Realmente.... você consegue ser racional e sensível...realista e sonhador!!!!
ResponderExcluirObrigado, Diva!!
ExcluirGostei do texto, meu amigo.
ResponderExcluirGrande abraço.
Moreno.
Moreno, meu caro! Poxa, que alegria em saber que visitou meu blog! Fico feliz que tenha gostado do texto! Grande abraço!!
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