DS 2012: A Felicidade

Dia 4: Quarta, 18 de julho de 2012.

A felicidade é algo que só experimenta quem aprende a partilhar. Quem aprende a perder. Quem se lança no oceano de incertezas do conhecimento do outro. Quem oferece o que tem - e, num certo sentido, um pouco do que não tem. Quem se move. Quem arrisca tudo! A felicidade está nas pequenas coisas. Nas pequenas lembranças. No sorriso de uma criança pequena. No coração grande de gente que se importa com o que importa de verdade e que se doa, desde que valha a pena pra ser e fazer alguém feliz. E vale, sim, vale muito a pena! Vale ser humano, vale muito ser criança - outra vez.

Hoje completamos 100 posts no blog! E hoje também fechamos o ciclo dos três dias no orfanato! Tantas emoções vividas, sofridas, repartidas. Tanta gratidão há no meu coração pelo que Deus me proporcionou pra compartilhar! E não importa quanto tempo tenha passado, a felicidade é feita de momentos que se eternizam. Abraços, olhares, sorrisos. E quando uma foto é tirada com arte (né, Mateus Abboud?) ou a escrita registra parte injusta de um quadro bem maior (como neste post), então tentamos segurar com um copo uma cachoeira de sensações que não cabem dentro de nós. Assim é este registro: injusto, pequeno, infinitamente aquém, mas cheio de saudade, riso, choro, amizade por alguém.

Depois de ir a algumas lojas do centro de Niterói e comprar lembrancinhas, balas, bombons, pão, salsicha, vela que explode, bolas coloridas e mais alguma coisa, me dirigi ao orfanato com certo atraso. O objetivo hoje era montar a festa das crianças e muitos convidados já estavam por lá quando cheguei - outros chegaram depois. Muitos irmãos e amigos da igreja que atenderam ao apelo de solidariedade. Inclusive minha amiga e maior promotora do blog, Kelly Mara, que passa suas férias na Cidade Maravilhosa. Minha mãe também veio e nos ajudou nos preparativos. Trouxeram seu tempo, amor, doações diversas e mais alguma coisa também - na "sacola" do coração sempre cabe mais alguma coisa. O salão do refeitório virou salão de festa. E chamamos as crianças para curtirem ao máximo o momento de felicidade que era delas!

Cantamos, pulamos, dançamos, fizemos trenzinho. Tiramos um milhão de fotos - ou algo perto disso. Os adereços engraçados e de festa deram um toque especial. Comemos, bebemos, nos acabamos sem acabar! E com meu paletó marrom - para essas ocasiões especiais - e uma cartola preta, dei início ao meu show de mágicas! Não sou um mágico profissional, mas um amante do que é mágico e lúdico na vida. As crianças também, como percebi. Mesmo eu sabendo o segredo de cada truque que apresentei, que bom ver nos olhos delas a surpresa, o espanto, a alegria do inusitado! Sim, o tio Leandro era um mágico de verdade! Dados que se teletransportavam, lenços que viravam balas, leite derramado que uma folha em branco misteriosamente absorvia e uma moeda que sumia e depois aparecia. Queria eu lhes trazer de volta uma família! Essa mágica é mais difícil. Mas o amor pode fazer.

Todos em volta da mesa do bolo, eu pedi para falar algumas palavras. Agradeci o que eles me proporcionaram em tão pouco tempo. Depois a tia deles, a Cecília, deu espaço para que eles falassem. O Lucas, irmão da pequena Bruna, esboçou dizer algo e timidamente se calou. Outros falaram, expressando carinho e gratidão pelo que fizemos lá. Se não me engano, o Lucas disse algo rápido. Aliás o Lucas, assim como cada uma das demais crianças, é especial pra mim. Cantamos parabéns para os aniversariantes do mês - eu (quarto dia comemorando!) e a adolescente Thaís - e também para os desaniversariantes que estavam ali para celebrar o dom da vida. Depois, me despedindo, um milhão de abraços e palavras de carinho. A pequena Bruna disse com firmeza "Você volta, ok?" enquando olhava nos meus olhos e em seguida me dava um abraço. Parecia gente grande. Me despedi de cada um com palavras e abraços. Prometi voltar mês que vem - e vou. Só o Lucas se despediu de mim umas 8 ou 9 vezes, dizendo todas as palavras que não havia dito na frente dos outros. Ele disse o que estava no seu e no meu coração: foram três dias que valeram por muito mais. Ele e outras crianças me acompanharam até o meu carro na rua. Pause.

A felicidade, como disse antes, só experimenta quem aprende a partilhar. Na matemática divina, quanto mais damos, mais recebemos. É um mistério. Hoje a felicidade eu deixo e também levo comigo. Play. "Até logo!"

Eu (ao fundo), Melque (ou Jacob hehe), Cecília, Eleonora, Laís e parte das crianças.

Priscila servindo os cachorros-quentes! Hummm...

Momentos mágicos! Guilhotina de cartas. Hehehe

Uma galera de Deus, dentre voluntários e crianças. Ao fundo, a diretora Cleonice.


Confira, hoje ainda, como foram o quinto e o sexto dias do Desafio do Seminarista!

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