Dia 3: Terça, 17 de julho de 2012.
Se o dia ontem terminou feliz, o meu hoje começou triste. Um
aborrecimento desnecessário, que não convém nomear aqui, coisa de família. Mas
que veio como um míssil ao meu coração. Na mesma hora entendi que se tratava de uma batalha espiritual pela obra de Deus que estou fazendo – e sabia que não estava
espiritualizando demais por pensar assim. Ainda assim machucava, o que me fez errar a entrada da rua três vezes na tentativa de chegar ao orfanato. Cheguei arrasado e atrasado lá, mas ainda consegui almoçar junto com as crianças. Pedi a Deus que me sustentasse pra ser o melhor que eu podia ser pra elas.
Hoje recebi a ajuda de um grande amigo meu, o Melque. Ele foi para o orfanato passar o dia como voluntário também. Eu o admiro muito pelo seu coração para o Reino, pelo seu caráter e pela sua integridade, e eu sei que Deus tem uma grande obra a realizar através de sua vida. Depois do almoço, ele me ajudou a distrair as crianças enquanto eu preparava a brincadeira do Caça aos Tesouros. Essa sempre foi uma brincadeira que fazia sucesso na época em que fui professor de pré-adolescentes na igreja. E no orfanato não foi diferente: eles adoraram! Os tesouros foram duas caixas de bombons. A diversão dessa dinâmica me fez esquecer o que havia me entristecido mais cedo. Depois a Bruna veio me pedir para assistirmos ao filme Marley & Eu, que eu havia levado juntamente com outras opções. Após o consentimento das tias e uma votação democrática, demos "play" no DVD.
Logo no início uma menina disse para a Bruna: "O Marley morre no final". Ao que ela respondeu com um ar de tristeza: "Morre nada!". Fiquei preocupado. Será que um filme onde o cachorro, que é também o personagem principal, morre no final seria um filme recomendado para crianças que já perderam os pais? Não tinha pensado nisso. Além do mais o filme mostra uma outra realidade de família. Será que isso mexeria demais com eles? Enfim, agora o filme já tinha começado. Me veio à mente: "Eles nunca foram poupados das piores das realidades e estão crescendo com isso. Fique tranquilo". O filme quase todo, aliás, é comédia e foi bom dar boas risadas com eles. Se ontem eles ficaram quase que toda a tarde na quadra correndo, agora estavam bem tranquilos. Que bom! Hehehe. Demos uma pausa no filme e fomos comer uma pizza preparada por um dos orientadores das crianças que é italiano. Apartamos a briga de dois irmãos, a qual literalmente acabou em pizza - que aliás estava uma delícia! Voltamos para assistir ao filme.
Próximo ao final do filme, quando mostrou o Marley doente, eu saí do almofadão em que estava sentado e fui para perto da Bruna. Queria transmitir segurança a ela. Olhei para o seu rosto e vi que ela estava dormindo. Respirei aliviado e agradeci muito a Deus! Ela é a menor do grupo e eu estava temendo por suas emoções. Mas Deus sabe o que estamos preparados para suportar. E, quando não somos poupados de certas situações, Ele nos capacita e reveste de forças. Aleluia! Pode parecer um exemplo muito bobo, mas Deus demonstra cuidado para com os Seus nas pequenas coisas e também nas grandes tempestades da vida. O importante é que Ele esteja no nosso barco! Eu vejo Deus presente na AMAS, cuidando de cada pequenino. Como já dizia o salmista, "quando meu pai e minha mãe me desampararem, o SENHOR me recolherá" (Sl 27.10). Brincamos na quadra até anoitecer, inclusive com minha irmã e o namorado dela que apareceram por lá. Foi bom demais!
Finalmente, posso dizer que terminei meu dia feliz. Por tudo que já escrevi e mais um pouco. Comemorei meu aniversário (que foi ontem) com os amigos mais próximos. Terceiro dia de comemorações, aliás! Fomos ao Outback, restaurante que amo. Planejei em cima da hora, mas valeu a pena. Ri muito, principalmente com um amigo imitando um bêbado de um vídeo da internet. Receber o carinho das crianças e dos amigos fez o meu dia excelente. Vi o cuidado de Deus para comigo. Ele sabe exatamente do que eu preciso e do que você precisa também. Está mais próximo a você do que pensa, pode acreditar.
Confira amanhã o quarto dia do Desafio do Seminarista!
Parabéns, Leandro, pela experiência vivida e sua extrema sensibilidade. Importante reconhecer que não precisamos de muito para nos sentirmos felizes e que, muitas vezes,é nas coisas mais simples da vida que residem os maiores tesouros. Certamente essas crianças dariam tudo para terem um Lar, onde pelo menos,ainda que longe de ser perfeito, pudessem se sentir amadas e estarem perto de quem mais amam.Que Deus os abençoe! Sua mãe.
ResponderExcluirObrigado, mãe!! É verdade!
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