Sexo e Espiritualidade: Por Que Combinam Tanto (Parte 1)


Eu sei que o título deste post pode parecer irônico, mas não é não. Sexo e espiritualidade têm tudo a ver. E eu vou explicar por quê. Antes, porém, eu queria ser honesto com você que está lendo isso. Não quero te enganar, mas te dar o direito de continuar lendo ou não. Sendo bem direto: eu ainda sou virgem. Não que eu veja problema nisso, não vejo nenhum, mas alguns vão pensar: "Ih, caramba! Quer me ensinar o que então, mané?". Bem, se acha que sexo é um assunto que só pode discutir quem pratica, então valeu. Até a próxima. Mas eu acredito que podemos aprender muito sobre sexo através: dos valores e princípios bíblicos aprendidos, da experiência dos pais ou de amigos casados, de ler sobre o assunto mesmo (e não estou falando das revistas Playboy ou Sexy) e da descoberta da própria sexualidade (que nos faz pensar muuuuito sobre o assunto e reconhecer nossos desejos e impulsos). Bem, este é um blog de conteúdo pautado por princípios cristãos. Então minha proposta é tratar do assunto sob essa perspectiva. Não vou aqui tratar de posições sexuais mais prazerosas - pois, além de ser algo extremamente subjetivo, foge ao que posso abordar com propriedade. Então, vamos à afirmação que fiz: sexo e espiritualidade têm tudo a ver. Por quê?

Bem simples: porque foi Deus quem criou o sexo. Foi Ele quem nos dotou de instintos sexuais e, claro, visando também ao nosso prazer. Os hormônios que você tem, foi Ele quem os colocou dentro de você. As substâncias químicas que são liberadas em nossos corpos antes, durante e após o ato sexual, foi Deus quem as criou e determinou para que atuassem mediante certos estímulos. Sentir prazer não é pecado. Tudo o que Deus faz tem Sua sabedoria! Deus projetou o homem e a mulher num encaixe perfeito: tanto do ponto de vista físico como emocional. Somos iguais em valor, mas diferentes fisicamente e psiquicamente. Somos diferentes, mas nos complementamos. E eu acredito que, ainda que existam (e devem existir) afinidades, são essas diferenças que nos atraem. Desejamos o que não temos. Desejamos nos tornar um com a outra pessoa - mas para isso precisamos ser um em nós mesmos também. A outra pessoa tem o direito de nos ter por completo - e vice-versa. Do contrário será uma relação doentia e não de interdependência saudável. A Bíblia trata sobre sexo. Ela nos mostra tanto exemplos positivos quanto negativos desta experiência. Ela nos aponta princípios que, se observados, nos levarão a experimentá-lo em sua plenitude. Eu gostaria então de comentar algumas dúvidas que ouço a respeito deste assunto:

1. Sexo é (ou não é) casamento?
O sexo foi criado para ser vivido dentro do contexto do casamento. Fora dele é uma experiência incompleta e que traz conseqüências sérias, ainda que do ponto de vista psíquico e imperceptíveis num primeiro momento. Em Gênesis 2.24 está escrito: "Por essa razão, o homem deixará pai e mãe e se unirá à sua mulher, e eles se tornarão uma só carne". Há um contexto, uma ordem implícita: primeiro, devem deixar os pais (não se trata apenas de uma mudança de residência, mas de um desapego necessário, bem como da dimensão pública e social que deve ter o início do matrimônio, com todas as suas implicações), depois, o homem deve se unir à sua mulher (união não só geográfica, mas afetiva em sua plenitude e espiritual), e enfim serão os dois uma só carne (que é a consumação através do sexo - que vem acompanhado de toda uma identificação entre as duas pessoas). Tudo isso junto marca o início do casamento. Por isso eu me guardo para transar apenas dentro desse contexto. O sexo faz (e deve fazer) parte do casamento. Mas o casamento é mais do que sexo, como vimos e ainda veremos.

Eu ouço muitos amigos cristãos afirmarem, baseados em certas passagens bíblicas, que sexo é casamento e ponto final. Eu diria que uma cuidadosa exegese não nos permite afirmar isso. Eu acredito sim que o sexo tem o peso psíquico de um casamento, embora não o seja em sua plenitude. Por isso deixa tantas marcas em quem o vive fora do contexto adequado. Há alguns exemplos bíblicos de pessoas que firmaram o casamento através do ato sexual - o que fazia parte do costume de uma época e trazia imediatamente aos envolvidos o compromisso social do pacto matrimonial. Não se podia provar do "doce" sem assumir responsabilidades - tentar isso dava até morte. É bem diferente do que vemos hoje em dia: pessoas que querem usufruir do prazer sexual a dois, sem assumirem o compromisso de um viver a dois. Ou querem morar juntas pra dizerem pra si mesmas e pra sociedade que estão firmando um compromisso - mas na verdade buscam um modo mais fácil de fazer e desfazer as coisas caso não dê certo, pois o que buscam mesmo é uma intimidade now sem muitas implicações. O casamento não é uma aventura inconseqüente, mas uma aventura de pessoas corajosas que descobriram o amor maduro. E, porque o sexo é para ser vivido dentro do contexto do casamento, é que as relações extraconjugais são reprovadas biblicamente - o princípio é o mesmo. Existe um pacto, uma aliança que não pode ser quebrada, mas deve ser preservada em amor. E é Deus, juntamente com a vontade do casal em submeter-se a Ele, que renovará esse amor em seus corações. Amar é decidir amar todos os dias.

2. A carne é fraca - e agora?
Temos uma natureza caída que nos impulsiona a deturpar tudo o que Deus criou. Nossos sentidos muitas vezes estão desajustados, nossa vontade em desacordo com a vontade do Criador, nos sentimos fracos e impotentes diante do desafio de sermos santos, de nos separarmos do mundo, de agirmos conforme a Palavra. Como diria Paulo, fazemos o mal que não queremos e o bem que queremos não fazemos. E, de fato, queridos leitores, somos fracos mesmo. Eu por mim mesmo, tenho a plena consciência disso, não agüento. É muito difícil. Já pensei várias vezes em chutar o balde. Doido pra dar uma "bimbada" (hauhauahauhau, só pra descontrair) e Deus me dizendo pra segurar a onda. "Será que Deus é um cara sarcástico ou um estraga-prazeres, que fica gargalhando de nos ver sofrendo?", alguém pode pensar. É certo que não. Todas as prescrições bíblicas não são mero capricho do Criador, nem existem por causa de Seu senso de humor. Mas são expressão de Sua bondade para conosco, visam ao nosso bem. Como Criador, Ele sabe exatamente o que é bom e o que não é bom para nós. Mas nossa percepção, maculada pelo pecado, nos engana.

O que fazer então? Objetivamente, quero afirmar que o legalismo não é a solução. Uma coisa são estratégias (que podem ajudar, mas não são suficientes), outra coisa é encher-se de regras impostas por si próprio, por outros ou pela religião. Estas nem ajudam, só escravizam e reprimem o desejo. O legalismo é tão nocivo quanto a libertinagem. E o que eu proponho não é um meio-termo, pois meio-termo cada um tem o seu. O que me salva das ciladas do pecado é estar bem no meu relacionamento com Deus. Esse é o ponto-chave! É depender Dele diariamente, é colocar meus olhos Nele, é estar "ligado" no Pai. Podemos até achar que estamos bem com Deus, mas se não estamos nos apartando do mal, não estamos tão bem quanto achamos. A luz afasta as trevas. Não nos livra das tentações, mas nos livra quando formos provados. Também não tenta nossa resistência, não sente prazer em "brincar com fogo", mas foge do mal. Por isso precisamos estar vigilantes. Tomar o devido cuidado com tudo que venha a enfraquecer nosso relacionamento com Ele. Não negociar nosso tempo qualitativo de oração e busca na Palavra.

Relacionamento não é receita de bolo, não é um truque de mágica. Um relacionamento sadio precisa de tempo de qualidade e diálogo. Assim também é o nosso relacionamento com Deus! A culpa, o medo, a preguiça, o orgulho são adversários nossos quando queremos nos aproximar de Deus. Se conhecermos bem o Deus da Bíblia, saberemos que podemos nos aproximar certos de Sua graça e misericórdia - não pela medida do que merecemos (pois não merecemos), mas pela medida de Seu amor por nós. É o amor Dele que me cativa e me mantém longe do mal. O sexo não é mal, mas a lascívia dentro de mim sim.

Continua no próximo post

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