Passado, Presente e Futuro


Você já teve saudades de um futuro que não aconteceu? Eu já! E a sensação de déjà vu, ou seja, de já ter visto ou vivido a mesma cena que agora se mostra diante de você? Eu também já tive! E o que isso significa? Quase nada. Apenas que sou um cara que presto atenção a detalhes e que viajo muito nos meus pensamentos. A saudade do futuro nada mais é do que a vontade imensa de viver na vida real o que já vivi na minha imaginação. E o déjà vu é apenas um "truque" do cérebro quando vejo algo semelhante ou com elementos idênticos ao que realmente já vivenciei - mas minha memória não lembra com clareza a situação original, me fazendo achar que estou vivendo o presente pela segunda vez.

Quando eu era adolescente e até o início da juventude eu vivia mais o futuro do que o presente. Idealizava toda minha vida, planejava cada ano que viria, considerava cada passo que daria nos próximos anos a fim de viver cada sonho que alimentava. Se hoje me considero um sonhador, quanto mais quando era mais jovem! O passado tinha algum valor e o presente era apenas um meio para se chegar "lá". Sim, minha Parságada era melhor do que a dos outros! E eu a idolatrava sem perceber.

Adentrando a vida adulta, fui me deparando com as primeiras frustrações. E a realidade difícil da vida real. Meus olhos se voltavam lentamente agora para o passado atrás de explicações para o que estava fugindo dos meus planos. Revoltei-me contra Deus, questionei as instituições, me senti solitário - e sem muitas explicações. As primeiras que vieram me fizeram um desfavor enorme: me colocaram numa cadeira alta, vestindo uma toga e com um martelo de madeira na mão. Senti-me injustiçado pelos erros dos meus pais e os "condenei" - a penas menores ou maiores, conforme o "delito" que cada um tinha cometido. Sobretudo pelo delito de serem humanos. E logo em seguida quis condenar um sujeito amuado no canto da sala, mas a raiva misturada com a comiseração que sentia por aquele sujeito faziam com que apenas o observasse, esbravejasse contra ele às vezes, chorasse com ele às vezes, afinal de contas era eu aquele réu das minhas próprias leis.

Adulto-adulto agora, embora me considere ainda jovem e com o coração de uma criança brincalhona, vejo que desperdicei muitos anos. Equivoquei-me - não uma ou duas vezes. Fui implacável. E perdi muito do melhor presente que Deus estava me dando: o presente. O passado e o futuro têm sua importância, mas nada se compara ao presente! O hoje é a oportunidade de fazer de novo, de acreditar de novo, de rir e de chorar também. Hoje você pode. É a oportunidade de ser. É o Criador te dando uma nova ficha para o brinquedo sério da vida. Te dando a oportunidade de fazer melhor. E te ensinando assim que deve fazer o mesmo pelos outros. Ele suportou nossas burrices, por que não vamos suportar as dos outros? Deixe que errem também! Mas os ajude se puder ajudar. Você não é o juiz, mas o irmão que ama. Que divide os fardos, que não lembra por que brigaram ontem pois precisam brincar juntos de novo hoje. Ah como precisamos aprender com as crianças! Deve ser por isso que Jesus disse que delas é o Reino dos Céus. Senhor, venha a nós o Teu Reino!

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