Muito Prazer, Prazer!

Hedonismo é a busca do prazer pelo prazer, o culto ao prazer, o culto ao homem. As pessoas estão interessadas em sensações, em emoções novas, em calafrios. Seus lemas são: "quanto mais prazer instantâneo, mais feliz"; "se algo não me dá prazer agora, é ruim"; "preciso saciar meus desejos e instintos senão vou morrer"; dentre outros. Todos querem ter prazer - e isso é bom, querer o contrário é que é estranho! Então qual o problema? Vou explicar.

Antes de prosseguir, porém, permita-me fazer uma observação: não defendo e nunca defenderei uma vida sem prazeres, como se o prazer em si fosse mau, nem tampouco considero o sexo algo mau, pois creio que Deus o criou para nosso deleite também. Ok? O grande problema então, na minha opinião, é a busca dos prazeres com um fim egoísta, sem um propósito que glorifique a Deus, quando são vividos fora dos contextos para os quais Ele os planejou para serem vividos, quando se tornam o lugar de refúgio existencial e, assim, tomam o lugar de Deus nas nossas vidas.

A lei moral de Deus é constituída de princípios para a felicidade do homem em harmonia consigo, com a natureza, com o próximo e com o Criador. Não se trata do capricho de um deus excêntrico que deseja nos privar dos sabores da vida. De forma alguma! Sempre que vivermos estes princípios, teremos os prazeres e sensações incríveis que Ele criou dentro dos contextos que são para serem vividos - o que redimensiona e valoriza ainda mais esses momentos de prazer, tornando-os únicos e especiais, ao invés de banalizá-los.

É muito interessante o texto do apóstolo Tiago sobre a questão dos prazeres: "De onde procedem guerras e contendas que há entre vós? De onde, senão dos prazeres que militam na vossa carne? (...) Aquele, pois, que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus." (Tg 4.1 e 4b). Talvez agora você pergunte: mas Tiago não se referia aqui à cobiça, ao interesse egoísta, a questões de relacionamento humano? Minha resposta é: exatamente.

Às vezes relacionamos o hedonismo apenas a pecados como sexo fora do casamento e fornicação, como se fossem o âmago da questão. Mas não são - e sim mais uma das manifestações do hedonismo. A origem dessa armadilha contemporânea está relacionada ao vazio de Deus, ao individualismo, à cobiça, ao egocentrismo e à idolatria. O homem cultuando a si mesmo. E buscando, em detrimento aos outros, sua autossatisfação.

Jesus deseja que o seu povo seja diferente. Que seja capaz de amar ao próximo como a si mesmo. E daí subentende-se a necessidade de amor próprio, maduro, não exagerado. Que respeite o próximo, que lhe dê o devido valor, que não o instrumentalize. Que desfrute do melhor da vida, que ame e seja amado de verdade, que tenha na lei e na presença de Deus suas maiores fontes de prazer!