Puxa-saco

"Quem adula seu próximo está armando uma rede para os pés dele." (Provérbios 29.5)

Quem aqui não conhece alguém que é bajulador ou, na linguagem popular, um "puxa-saco"? Mesmo que muitos o sejam por admiração legítima a alguém, é preciso cuidado para que tal atitude não vire idolatria ou acabe por anular o próprio que elogia. Fora que, agindo como bajuladores, mesmo querendo agradar alguém de quem gostamos, estamos poupando essa pessoa de crescer ouvindo a verdade. Elogios devem ser sinceros, honestos. Mas a bajulação tende a um exagero, levando o outro a uma falsa percepção da realidade. E isto é perigoso demais: infla o ego, dificulta o outro de crescer mais e o faz mais suscetível ao abismo do orgulho.

O principal antídoto contra esse perigo é a verdade. A Bíblia nos estimula a relacionamentos baseados na verdade, na transparência, na autenticidade. Isso não significa um salvo-conduto para a grosseria, para a comunicação da verdade sem amor. Claro que não! A Palavra diz que devemos seguir "a verdade em amor" para que juntos cresçamos (Ef 4.15). Então precisamos considerar que é "melhor a repreensão feita abertamente do que o amor oculto" (Pv 27.5) ou ainda, como está no versículo seguinte, "quem fere por amor mostra lealdade, mas o inimigo multiplica beijos". Muitos que nos amam poderão nos ferir tentando ajudar, sendo honestos conosco. Nossa primeira reação será nos fecharmos, mas será proveitoso se pensarmos duas vezes, se considerarmos suas palavras e atitudes com calma.

A verdade liberta. Por isso Deus não é um bajulador. Ele quer nos ver livres! Todo pretenso "evangelho" que nos poupa de ouvir a verdade sobre nosso pecado e egoísmo deve ser rejeitado. O verdadeiro Evangelho nos mostra um Deus que é amor, mas não tolera o mal. Que ama Seus filhos, mas não é complacente com o que é errado. Que nos confronta sim, nos desafia, nos desaloja - mas não sem propósito, e sim buscando nosso bem. Mais do que um bem estar anestesiado, ou uma autoestima no pináculo do templo, Ele deseja nos dar de volta a nós mesmos. Mais do que bajular, Ele quer nos fazer íntegros. Por nos amar.

Comentários