O Tempo

"Para tudo há uma ocasião certa; há um tempo certo para cada propósito debaixo do céu: Tempo de nascer e tempo de morrer, tempo de plantar e tempo de arrancar o que se plantou, tempo de matar e tempo de curar, tempo de derrubar e tempo de construir,  tempo de chorar e tempo de rir, tempo de prantear e tempo de dançar, tempo de espalhar pedras e tempo de ajuntá-las, tempo de abraçar e tempo de se conter, tempo de procurar e tempo de desistir, tempo de guardar e tempo de jogar fora, tempo de rasgar e tempo de costurar, tempo de calar e tempo de falar, tempo de amar e tempo de odiar, tempo de lutar e tempo de viver em paz." (Eclesiastes 3.1‭-‬8)

Esta bela poesia do Pregador - como é chamado o autor do livro de Eclesiastes, provavelmente o rei Salomão - nos faz refletir sobre uma das questões mais fundamentais da vida: o tempo. E não se trata aqui exatamente do tempo cronológico, mas do tempo oportuno. Tudo tem seu tempo oportuno. E discernir isso é ser sábio e feliz.

Infelizmente muitos só compreendem isso melhor quando já estão com idade avançada - e portanto sem possibilidade de mudar muito que já foi e sem vigor para viver muito que poderia ser. Percebem que deram valor a coisas inúteis, perderam muito tempo e energia em discussões sem sentido, deixaram de dizer 'eu te amo' por bobagens, deixaram de pedir perdão por orgulho besta, correram 'atrás do vento' enquanto poderiam ter corrido atrás de seus sonhos, choraram por quem não merecia, deixaram de chorar por medo de serem humanas, dentre outros arrependimentos. Não é feio se arrepender. Feio é desistir de viver.

Discernir os tempos é um exercício difícil - inclusive para guerreiros fortes. Porém, assim como os atletas que estão atentos ao seu tempo numa competição e às oportunidades que aparecem em milésimos de segundo e devem ser aproveitadas, ou como os músicos que sabem valorizar tanto a nota quanto a pausa na partitura, assim também podemos com sensibilidade discernir os tempos da vida. E como adquirir essa sensibilidade?

Com um coração que chora e com um coração que ora. Com olhos que leem, veem e releem. Com mãos que se sujam no trabalho de construir, mesmo que machucadas por antes destruir. Com ouvidos que recebem com gratidão conselhos de pessoas sensatas, mas também apreciam música clássica. É preciso ouvir os tempos - e isso começa por ouvir o Senhor do Tempo. Ele sabe o melhor pra nós. Sempre soube. E sempre saberá.

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